Há mais idolatria em nós do que imaginamos ter
- Projeto Missionário Compaixão
- 15 de fev. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de mar.

Toda forma de idolatria é pecado, isso é algo indubitavelmente aceito. Temos um “membro” que produz mais ídolos que possamos conceber. Nosso coração, como diz Calvino, é uma fábrica de ídolos. Parafraseando-o, é uma OMI — organização mundial dos ídolos, certamente, além de fabricar, promove. Nas palavras de Cristo, é grande a indicação que tal órgão, produz todo tipo de pecado, inclusive a idolatria.
Os ídolos que fabricamos no nosso coração, passa, na maioria das vezes, desapercebidos de nós mesmos. Idolatramos nossas pressuposições teológicas, aquisições e méritos também. Fazemos de nós mesmos, nossos próprios ídolos. Além de transformamos coisas e pessoas em ídolos, somos uma réplica daquilo que adoramos.
A adoração do eu, dos méritos e até das nossas próprias aquisições, revela-nos essa miséria que alimentamos através de elogios e likes. O alcance dessa adoração perpassa nossa consciência de admitirmos tal abominação. A mimese de nós mesmos é uma aparência da piedade mascarando a mediocridade, e o ressentimento de não obtê-la desmascara a farsa. Queremos seguidores, queremos reverência e admiração pública.
Somos feito a imagem do Criador e estamos diante Dele. Porém, colocamos em pé de igualdade o nosso reflexo, produzindo com isso adoração ao reflexo, ao invés de culto ao Senhor. Se a epistemologia é monergista, se a insuficiência humana é pré lapso e pós lapso de forma acentuada, o que faremos nós, quando investigamos o nosso coração e percebemos tamanha barbaridade?
Não somos produtores de conhecimento, não somos a fonte de todo entendimento. Não produzimos nada, recebemos de acordo com a riqueza de Cristo. Se há capacidade, erudição, intelectualidade, quem deveria ser adorado, senão somente o Senhor? Aquele que derramou graça sobre nós para compreendermos a verdade, mesmo não em sua totalidade, não deveria ser o único exaltado? Acredito que muito daquilo que lemos e ouvimos, precisa ser mastigado até encontrar estômago para suportar.
A questão do refluxo é algo bem interessante, muitos de nós sofremos desse refluxo teológico. Ouvimos, lemos, até escrevemos, enquanto engolimos. E todo aquele processo gástrico de retorno surge para ficarmos vazios outra vez. O refluxo produz aquele sensação de mal estar, mas não evidencia acertada averiguação do problema em si. Às vezes é uma bactéria que estabeleceu um vínculo com um órgão e produz tanta acidez, que tudo é retornado, deixando apenas o gosto ruim na boca.
Longe de querer bater o martelo na questão, apenas assobiando por aqui, percebo que o mal do nosso coração produziu conforto em acreditar que esse vaso de barro tem algum valor, recusando-se admitir que o conteúdo que foi colado é sim a verdadeira pérola preciosa, tesouro adquirido que veio da fonte de todo o bem.
Me recuso a ir mais longe, até porque estou sendo forçada a ouvir essas próprias palavras contra mim mesma. A mastigação necessária nos tornará mais sensíveis a ideia da idolatria do eu, sem ter de assassinar reputações só pelo desejo de causar culto de si para si, melhor mesmo é fortalecer as estranhas contra esse tipo de carência sinfônica.
Além do mais quem sou eu? Apenas um ídolo de mim mesma. Disse o apóstolo João: Filhinhos, guardai-vos dos ídolos — 1 João 5.21. Então, será que posso dizer: guarde o seu coração, Morgana, de você mesma?!
Membro da Segunda Igreja Presbiteriana de Maranguape II. Bacharel em Teologia com concentração em Missiologia — STPN, pós graduada em Teologia Exegética — SPN, mestre em Estudos Teológicos — MINTS. Trabalha com Tradução das Escrituras e faz parte do Projeto Missionário Compaixão e Eva Reformada.
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